Bastaria
uma palavra vinda de seus lábios para eu acarpetar seu caminho com flores
colhidas apressadamente nos altos das colinas próximas. Você não sabe e não
pode saber dessa minha vontade! Pela força do meu sentimento, acho que sou algo
mais, entretanto, quando sorri para mim, sorri o sorriso miúdo direcionado ao
mero empregado... Nasci no presídio feito pelas muralhas das dificuldades
financeiras — sou muito pobre — um serviçal com um coração que pulsa como qualquer
outro, mas sem o direito de dizer que se apaixonou por uma jovem bem nascida —
filha do patrão. Sinto o peso da diferença de nossa classe social, mas,
infelizmente, o amor me acorrentou e transformou-me num escravo que irá viver
para sempre sob a amarga tortura de sua indiferença.
Jorge Lemos
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