sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

DIGNIDADE

As moças não dançam, não cantam,
o mal implantam...
encantam-se
na friagem dos frios sem fios,
fatiando, fatias encolhidas,
moídas pela visão muda
das câmaras escondidas;
fatiam o olhar da fila que germina,
germina e nunca termina.

Velozmente
fatiando, fatiam
queijo sem beijo,
presunto sem assunto,
apresuntado desajeitado
no reflexo da umidade
do rosto suado, acuado...

Com medo do dedo
sem ponta que aponta,
nada contam...

Nas  paisagens sem câmaras,
no voo sem tramas,
os pássaros também amam
na paz do sossego
do emprego
sem o enredo do medo.

Beijando, voando,
as abelhas cintilam centelhas
por sobre as flores,
exalam perfumes,
iluminam o trabalho
e provocam ciúmes
nas enfastiadas fatiando fatias
da existência sem decência...

 Jorge Lemos

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