quinta-feira, 16 de março de 2017

FELIZ


ESCRAVO

Bastaria uma palavra vinda de seus lábios para eu acarpetar seu caminho com flores colhidas apressadamente nos altos das colinas próximas. Você não sabe e não pode saber dessa minha vontade! Pela força do meu sentimento, acho que sou algo mais, entretanto, quando sorri para mim, sorri o sorriso miúdo direcionado ao mero empregado... Nasci no presídio feito pelas muralhas das dificuldades financeiras — sou muito pobre — um serviçal com um coração que pulsa como qualquer outro, mas sem o direito de dizer que se apaixonou por uma jovem bem nascida — filha do patrão. Sinto o peso da diferença de nossa classe social, mas, infelizmente, o amor me acorrentou e transformou-me num escravo que irá viver para sempre sob a amarga tortura de sua indiferença. 

Jorge Lemos