terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

A COLEGA



          O que devo fazer para ser notado, desfazer a sua indiferença em nosso ambiente de trabalho, mulher linda? Fala de tudo e com todos, mas sempre fazendo de conta que não existo. Será que não existo mesmo? Esta pergunta martela a minha cabeça, às vezes fica queimando a pele.
Hoje acho que estou com febre. Agora a tarde desse dia quente acabou de chegar e trouxe o fim do expediente. Ela parece estar muito agitada. Faz tempo que estamos trabalhando no mesmo escritório, mas foi hoje o dia que de fato ela está nascendo como um sol forte para esse coração idiota.
Neste momento sorri, sorri, qual será o motivo. Eu sei qual. Só pode ser homem. Mulher bonita os caras não dão moleza, fica assediando, insistindo, não a deixam ficar sozinha por nada. Tarados filhos da puta...
Este pensamento está despertando um ciúme doce em mim. Olha só. Está no celular e se insinua como alguém que se prepara encontrar-se com outro alguém. Deveriam proibir celulares no trabalho. Se quiserem que telefonem da rua. Sacanagem. O ambiente de trabalho precisa ser respeitado.
Estou fora do mundo sentimental dela. Lógico! Essa é boa. Por que deveria estar nele se não existo nele? Ainda. Pelo jeito irá ser abraçada pela noite, e o pior, vai ser abraçada por ele também e bem longe de mim — amanhã voltará com a cara de pecadora cansada e com o sorriso apagado. Só quero ver isso.


                                                     Jorge Lemos

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