quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A COLEGA DE TRABALHO –V



     Hoje temos mais um dia pela frente. Fui o primeiro a chegar. Ela ainda não veio. Estou de olho pregado na porta. Mais gente está chegando e ela não aparece. De repente meu coração tem um pique e o escritório se ilumina; fico atento para ouvir o bom-dia quase inaudível e sem direção.
Tento capturar o perfume e a leve brisa feita pelo corpo amável passando quase esbarrando em mim.
As coisas não são como eu gostaria que fossem, meu Deus! Daria tudo para ser a cadeira que ela acaba de sentar-se perto da janela. Ainda não faz um mês que está aqui, mas já me deixou atordoado. Tenho olhado para seus olhos espertos e lindos, mas não sou visto —, estarão cegos para mim?
Nada disso importa! O rosto macio e belo é a janela aberta para um mundo feliz. Este mundo que só ela sabe colorir me acompanha, não sai da minha cabeça.
Toda feiúra é varrida com a presença desse ser encantado. Sinto um amor silencioso e o guardo com carinho no peito.
 Navegando perto da luz, a tarde acabou de chegar. Não consigo senti-la e vê-la como de manhã, já está agitada; dessa vez  não será apenas uma noite, mas um fim de semana.
O fim de semana que sempre foi curto, com certeza não vai terminar nunca. Estamos saindo. Fico bem próximo dela. O coração acelera. Se estender o braço a minha mão toca-lhe a cintura.
     — Desculpe-me! — sem o meu consentimento, minha mão cutucou-lhe as nádegas levemente arrebitadas.
           Os olhos espertos e lindos viram-me por sobre o ombro e os lábios sensuais não se abriram para falar uma palavra sequer.
            Ela colocou o capacete, deu partida na moto e saiu pelo trânsito enquanto fiquei parado esperando até a moto entrar na primeira esquina. Queria ser o capacete, a roupa, os sapatos, a meia, tudo que é tocado ou usado por ela.
Indo para casa sem tirá-la da cabeça, ouço uma música que traz ela para dentro do carro. Fico alegre por alguns instantes e me dou conta que estou dirigindo mal.
Em casa ficou pensando em entrar num sono profundo e só acordar na segunda-feira.
Jorge Lemos
         


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